O termo “enshittification”, cunhado para descrever a degradação progressiva da qualidade de plataformas digitais, parece estar extrapolando as fronteiras do mundo da tecnologia e invadindo a esfera da política e do poder americano. Originalmente aplicado a empresas como Google e Facebook, o conceito se refere a uma estratégia em que a plataforma, buscando maximizar lucros, progressivamente prejudica a experiência do usuário, favorecendo seus próprios interesses.
A analogia com a política externa e as estratégias de influência dos Estados Unidos sugere uma preocupante tendência. Sob uma possível futura administração, há o receio de que as ferramentas de poder americanas, como sanções econômicas e acordos comerciais, possam ser utilizadas de maneira cada vez mais predatória, priorizando ganhos de curto prazo e vantagens unilaterais em detrimento da estabilidade global e dos interesses de aliados. Essa abordagem, similar ao “enshittification” das plataformas digitais, poderia levar a um enfraquecimento da confiança internacional e a uma erosão da legitimidade do poder americano a longo prazo.
A questão central é como evitar que essa tendência se concretize. Uma abordagem passa por repensar os mecanismos de tomada de decisão e garantir maior transparência e responsabilidade no uso do poder americano. É crucial promover um diálogo mais amplo com aliados e parceiros, levando em consideração seus interesses e preocupações. Além disso, é fundamental investir em soluções multilaterais e em instituições internacionais, buscando fortalecer a governança global e promover um sistema mais justo e equitativo. A capacidade de resistir à tentação do “enshittification” e adotar uma postura mais colaborativa e responsável será determinante para o futuro do poder americano e para a estabilidade do cenário internacional.
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