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Interior Chinatown: Uma paródia policial meta e ambiciosa
Em \”Interior Chinatown\”, acompanhamos Willis Wu (Jimmy O. Yang), um garçom em Chinatown que se sente um personagem secundário na história de outra pessoa. Essa percepção se mostra verdadeira, pois Chinatown é parte da fictícia Port Harbour, cenário da série policial \”Black & White\”. Willis e todos ao seu redor são coadjuvantes em uma trama maior, sem o conhecimento deles.
Essa tensão entre a realidade de Willis e a de \”Black & White\” impulsiona a série, adaptada pelo showrunner Charles Yu de seu romance premiado. A série analisa a representação asiática na mídia, focando em estereótipos que relegam essas narrativas a segundo plano. O resultado, frequentemente na forma de uma paródia precisa de procedimentais policiais, é um dos projetos mais ambiciosos e meta do ano. Willis, fã de séries policiais, nunca imaginou ser o herói de uma, percebendo que alguém com sua aparência geralmente é garçom, testemunha ou vítima. Sua busca por um papel de destaque o leva a se envolver em um crime, aproximando-o do status de herói e unindo-o à detetive Lana Lee (Chloe Bennet).
A série utiliza recursos visuais para diferenciar as narrativas. As cenas de \”Black & White\” são banhadas em azul, enquanto as outras são mais quentes, demonstrando o foco narrativo. Quando Turner e Green (os detetives de \”Black & White\”) estão presentes, Willis é relegado a segundo plano ou até invisível, exemplificando como narrativas asiáticas são marginalizadas na mídia americana. Outros personagens também enfrentam a luta contra papéis impostos pela sociedade: Lana, a única detetive asiática, é a \”especialista em Chinatown\”, apesar de conhecer pouco o bairro; Fatty Choi (Ronny Chieng) descobre que sua raiva contra clientes brancos pode ser transformada em autenticidade; e a mãe de Willis, Lily (Diana Lin), busca o sucesso como agente imobiliária, enfrentando dúvidas alheias.
Apesar de alguns subplots que podem desviar o foco da trama principal, esses elementos também ampliam a representação dos personagens asiáticos, dando-lhes mais profundidade e espaço na narrativa. A paródia de séries policiais e da indústria televisiva é outro ponto forte da série, adicionando humor e crítica social. A direção dinâmica e as mudanças de gênero tornam \”Interior Chinatown\” uma produção única e impactante. A revelação inicial da trama, de que tudo se passa em um programa de TV, não diminui o impacto da série. Os personagens não têm consciência disso, tornando sua jornada e a resolução dos mistérios ainda mais atraentes.
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